sábado, 23 de abril de 2016

NÓS, OS CAÇADORES DE GRAFFITI

Já faz algum tempo quando, durante a aula em uma de minhas turmas, eu comentei da vontade que tinha em registrar os grafites na cidade. Até então eu achava que seriam poucos e pouco significativos nessa cidade que, contraditoriamente, se esconde, uma cidade cujos governantes e até mesmo habitantes insistem em em fechar os olhos para suas belezas urbanas. Quem é da terra sabe. Mas alguns alunos acharam a ideia interessante e, a partir desse dia, brincando, eu lhes disse que seríamos os caçadores de grafite. Essa brincadeira já nos rendeu leituras e descobertas acerca da arte de rua (ou "street art", como também são chamadas as mais plurais manifestações artísticas que tomam o cenário urbano como palco de performances e intervenções sociais); nos rendeu a criação de um modesto grupo no Facebook, onde trocamos conhecimentos (escritos, visuais e sonoros) sobre o assunto; nos rendeu uma exposição no evento cultural-técnico-científico da instituição em que trabalho (IFRN), onde os meninos puderam melhor expor as suas habilidades técnicas na produção de um vídeo-book feito a partir dos nossos registros fotográficos; mas o que de melhor nos rendeu foi o encontro com esses meninos motivados, cheios de ideias e vontade de descobrir e de intervir no mundo, cada um à sua maneira. Sobre as fotos que foram feitas: foram três "missões" de registros fotográficos pela cidade, realizadas entre novembro e dezembro de 2015. Em duas delas, eles estavam presentes e, junto comigo, presenciaram nas ruas as intervenções urbanas e entenderam o quanto são importantes esses registros, visto que se tratam de um tipo arte visual alegre, socialmente engajada, que reflete os sonhos, anseios e pensamentos de suas - muitas - tribos urbanas, mas que, por não ser ainda compreendida como arte, é, na maioria das vezes, discriminada, literalmente apagada dos muros quando coberta com tinta cinza, muito provavelmente por pessoas e instituições que nada compreendem desse tipo de manifestação artística. Espero ainda que o tema nos renda trabalhos futuros, como a criação de um website, através do qual possamos fazer o mapeamento das imagens que colhemos - e de outras que virão -, assim como a valorização dos artistas do grafite, que vivem, em sua maioria, no anonimato por não terem sua arte reconhecida - como já soubemos, um deles chega a pagar aos proprietários dos muros para expor seus trabalhos. Falando sério, que bom seria se os artistas de rua e poetas visuais fossem reconhecidos, valorizados e devidamente pagos para, através de suas cores, formas e versos, colorir, embelezar e poetizar nossos caminhos! Compartilho então essas imagens, com um certo atraso (posto que as coletas foram feitas há tempo já, e muitas das quais já não existem mais) e agradeço de todo coração aos meninos-caçadores-fantásticos da turma de InfoWeb - Arthur Paiva, Daniel Souza, Kádson Breno, Luís Felipe e Marcos Vinícius - pela parceria, pelo carinho e pela oportunidade das descobertas coletivas que compartilhamos nos últimos meses.

O link para o grupo é este: https://www.facebook.com/groups/1692134924388835/?fref=ts

E, a seguir, algumas imagens registradas pelos caçadores (foram mais de 300 imagens feitas em um total de 18 pontos visitados, e ainda faltou irmos aos bairros mais periféricos, onde com certeza encontraríamos mais coisas).





















































































Artistas, manifestem-se! Agora queremos saber quem são vocês (próxima etapa do projeto).

Bjinhos!