sábado, 2 de setembro de 2017

setembro amarelo

trancado
no escuro do quarto
penso que o mundo enlouqueceu
na mira de um gatilho disparado

e o alvo sou eu

por inteiro fora
de dentro alvejado
achacado
achincalhado
humilhado
escorraçado
agora trancado
no escuro
do quarto

sou alvo tão fácil

preciso de algo
comer e beber
entorpecer
desenlouquecer
esquecer para
tentar me entender
vozes perto
não quero
só pioram

meu estado deserto

de dentro
sintoma de choro
desmorono
desfaleço
desacordo
desespero
por silêncio fora
de dentro 

berro de medo

por fora engordo
minguante de dentro
engulo a a seco
malogro
cansaço
meu alimento
fadado ao fracasso
me assisto

e por crasso inexisto

sozinho eu nem sei 
só penso que sou alvo
e se ninguém de fora me vê
daqui de dentro
eu não saio
eu não volto
eu não consigo
eu não prossigo
eu não me salvo

salvar-me
pra quê?

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