Abri a porta. Entrei. Tirei os sapatos. Sentei no sofá. Olhei para o alto. Sorri. Lembrei do compromisso que perdi. Do abraço que não dei. Daquela conversa que, mais uma vez, adiei. Do sorriso que algum desconhecido deixou de dar porque a ausência tem dessas coisas. Faz a vida não acontecer. A vida é essa carroça que passa lá na rua e vai fazendo barulho, afugentando os passarinhos que descansam nos fios. Eles, em revoada, partem para um melhor lugar. Eu não. Não sou passarinho. Sou gente cansada, que quer ficar. Eu só fico. E deixo, sorrindo, a vida passar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário